domingo, 19 de setembro de 2010

Pânico em SP




Se há uma banda com a cara do punk paulistano, esta banda é o "Inocentes", tida por alguns como uma das primeiras bandas punk a surgir em São Paulo, o Inocentes está na estrada desde do final dos anos 70.
Formada da mistura de gangues da Vila Carolina na zona norte de São Paulo, o Inocentes surgiu a partir da mistura das bandas Restos de Nada e Condutores de Cadáver.
Em resposta a uma matéria publicada no O Estado de S Paulo dentro da série "Geração Abandonada" que dizia entre outras coisas que os punks paulistas assaltavam velhinhas no metrô e gostavam de tomar leite com limão, Clemente escreveu o manifesto abaixo publicado originalmente em Agosto de 82 na Gallery Around:

Nós, os punks, estamos movimentando a periferia - que foi traída e esquecida pelo estrelismo de astros da MPB. Movimentando a periferia, mas não como Sandra de Sá, que agora faz sucesso com uma canção racista e com uma outra que apenas convida o pessoal para dançar; ou, na verdade, o convida para a alienação. Nos nossos shows de punk rock, as pessoas dançam; dançam a dança da guerra, um hino de ódio e de revolta da classe menos privilegiada. Já Guilherme Arantes diz que é feliz, mesmo havendo uma crise lá fora, porquê não foi ele quem a fez; nós também não fizemos esta crise, mas somos suas principais vítimas, vítimas constantes - e ele não. Nossos astros da MPB estão cada vez mais velhos e cansados, e os novos astros que surgem apenas repetem tudo que já foi feito, tornando a música popular uma música massificante e chata. Mesmo assim, eles ainda conseguem fazer o povo chorar. Não sei como, cantando a miséria do jeito que eles a vêem, do alto, mas que não sentem na carne, como nós. E também choram de alegria, quando cantam o dinheiro que ganham. Nós, os punks, somos uma nova face da música popular brasileira, com nossa música não damos a ninguém uma ideia de falsa liberdade. Relatamos a verdade sem disfarces, não queremos enganar ninguém, Procuramos algo que a MPB já não tem mais e ficou perdido nos antigos festivais da Record e que nunca mais poderá ser revivido por nenhuma produção da Rede Globo de Televisão. Nós estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira, para dizer a verdade sem disfarces (e não tornar bela a imunda realidade): para pintar de negro a asa branca, atrasar o trem das onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer.

O primeiro registro fonográfico do Inocentes foi na Coletanea "Grito Suburbano" junto com as bandas Cólera e Olho Seco. O Inocentes participou com as seguintes faixas:

  • Medo de Morrer
  • Guerra Nuclear
  • Garotos do Suburbio
  • Panico em SP


Antes de lançar um LP tradicional, o Inocentes ainda lançou outro EP denominado "Miséria e Fome"
O EP "Panico em SP" o primeiro lançado pela Warner, teve produção de Branco Mello dos Titãs. 
Entre as faixas deste disco destacam-se a faixa título e Rotina (Que também teve uma cover gravada pelos Titãs)


Em 1987 lançam o segundo LP "Adeus Carne", que possui uma das músicas mais emblemáticas e diretas do cenário punk nacional "Pátria Amada"..
Com show de lançamento no estacionamento do Shopping Center Norte em São Paulo, reuniu mais de 10.000, provando que a popularidade do grupo já era muito boa, menos para a gravadora Warner que achava a banda e o som difícil de se trabalhar.
O 3o álbum chamado apenas "Inocentes" teve produção Roberto Frejat do Barão Vermelho e o que chamou mais a atenção foi a singela capa, com a banda nua e algemada.
A própria banda já declarou várias vezes que a sonoridade deste álbum sempre foi meio confusa, uma mistura de rock, punk, rap, etc, devido a pressão da gravadora por um som mais acessível.
Bem, o som não agradou e o resultado foi a saída da banda da Warner , o que deve ter sido comemorado com muita pinga com limão pelos punks geração '77, que desde que a banda assinou com a Warner a principal acusação era que eles estavam vendidos.
O inicio dos anos 90 não foram dos melhores para o Inocentes, aliás, para quase nenhuma banda, foi a época da febre das duplas sertanejas, e o maior patrocinador individual foi o ex-presidente Fernando Collor de Melo.
Sem gravadora, e com poucos shows marcados a banda tomava um rumo cada vez mais distante do punk original que o lançou ao público.
Em 1992, finalmente, a banda lança novo disco chamado Estilhaços, destaque para a faixa O Homem Negro responsável pela volta da banda ao circuito de show e rádios, desde que uma fita demo com essa faixa caiu nas mãos da extinta rádio 89 FM.
Em 1994, lançam novo trabalho, dessa vez pela gravadora Eldorado, intitulado "Subterrâneos", desta vez retornando ao peso das guitarras. A música mais tocada pelas rádios rock foi "Desequilíbrio"
Neste mesmo ano, talvez a maior glória para qualquer banda punk, é a banda de abertura dos show que o Ramones realizaram no Olympia em São Paulo.
Participam também do filme "Opressão" de Mirella Martineli, interpretando a sí mesmos, aonde Clemente é assassinado no próprio palco por Skins Nazistas.
Em 1996, é lançado o album "Ruas" , este disco marca a retomada a pegada punk de antes, "A Cidade Não Para" foi a música que lançou o disco nas rádios. No mesmo ano, a banda é convidada a tocar ao lado de Sex Pistols, Bad Religion, Silverchair e Marky Ramone, este último gostou tanto da banda e do disco  que acabou se tornando amigo da banda e participando de alguns show pelo interior de SP. Em 1997 se apresentam no festival Abril Pró Rock em Recife.


Em 1998, a banda lança novo disco , intitulado "Embalado à vácuo" que teve boa vendagem e com uma boa execução da faixa "Cala a boca".



Na época de lançamento deste disco o Inocentes fez dois show memoráveis, um com o Ultraje a Rigor na USP e outro com o Ira! no Sesc Itaquera, reunindo aproximadamente 10.000 pessoas em cada show.

Em 2000, lançam um CD intitulado "O Barulhos dos Inocentes" somente com covers de bandas que influenciaram o grupo e de preferências pessoais. A música com boa execução foi "São Paulo" cover da banda paulistana 365.



Em 2001, gravam um disco ao vivo no Sesc Pompéia em SP chamado "20 anos ao vivo". O disco foi gravado ao vivo / vivo, ou seja, não teve nenhum retoque em estúdio. A maior parte da carreira do grupo é colocada nesse disco, musicas como: A Cidade não para, Franzino Costela, Patria Amada, Nada de Novo no Front,  São Paulo, Pânico em SP, entre outras.




O mais recente trabalho da banda é o otimo "Labirinto" destaque para a bacana "Travado"




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